Se você acompanha minha newsletter, provavelmente já sabe que meus três filhos nasceram em três países diferentes. Minha filha nasceu nos Emirados Árabes Unidos, meu segundo filho nasceu no Brasil e o mais novo nasceu no Chile. Cada experiência foi única e enriquecedora (e, no processo, também conquistamos algumas segundas residências).
O turismo de nascimento é uma oportunidade incrível, pois permite que seu filho obtenha um passaporte simplesmente por nascer em um determinado país. Com a orientação profissional certa, essa cidadania pode ser combinada com a sua ou a do seu cônjuge, garantindo que seu filho tenha múltiplos passaportes—e todos os benefícios que isso proporciona.
Agora, praticar turismo de nascimento não é fácil, especialmente para as mães. Elas carregam o bebê por meses e dão à luz em um país estrangeiro!
Por isso, quis escrever este artigo: para detalhar as necessidades específicas das mulheres grávidas que estão considerando o turismo de nascimento, incluindo preparação médica, requisitos de viagem e até um pouco da história da minha esposa.
O turismo de nascimento vai além de simplesmente viajar para um país para dar à luz. Trata-se também de garantir a seus filhos a cidadania de um país apenas pelo fato de terem nascido lá. Essa prática se baseia no princípio do "jus soli" (direito do solo), que significa que a cidadania de uma criança é determinada pelo local de nascimento. Alguns exemplos de países que adotam esse princípio são: Países da América Latina, como Chile, Brasil e Panamá.
No entanto, o turismo de nascimento não se resume apenas a obter um segundo passaporte. Ele também abre portas para diversas oportunidades para seu filho, como o direito de viver, trabalhar e estudar no país sem necessidade de visto. Outros grandes benefícios incluem a possibilidade de seu filho obter múltiplas nacionalidades e até mesmo acelerar o processo de residência para os pais. Vamos analisar esses benefícios mais de perto:
As razões para escolher o turismo de nascimento são diversas:
Melhor assistência médica: Ao escolher cuidadosamente onde dar à luz, você pode ter acesso a serviços médicos de alta qualidade por uma fração do preço que pagaria por um atendimento privado em seu país de origem. Por exemplo, o parto do nosso segundo filho em um excelente hospital no Brasil nos custou apenas cerca de 2.500 dólares.
Cidadania para a criança: Este é um dos melhores presentes que você pode dar ao seu filho. Essencialmente, ele será cidadão apenas por nascer em um país que adota o princípio do jus soli. Além disso, você pode conseguir que seu filho obtenha sua própria cidadania apenas pelo fato de ser pai ou mãe dele. Por exemplo, meu filho brasileiro também pode obter a cidadania canadense.
Mobilidade global: O passaporte certo dará aos seus filhos uma grande mobilidade, permitindo que viajem com mais liberdade. Além disso, ao ter um filho em determinado país, muitas vezes é possível acelerar o processo de residência, permitindo que você estabeleça um Plano-B.
Garanta o máximo de conforto investindo no seu assento. Escolha um assento no corredor com espaço extra para as pernas, facilitando o acesso ao corredor e pequenas caminhadas durante o voo, tornando sua viagem mais agradável
O processo de dar à luz no exterior é certamente complexo, pois exige que os casais planejem cuidadosamente muitos aspectos: documentos, passagens aéreas, a escolha do hospital ideal, entre outros. Pode parecer muita coisa (e, de certa forma, é), mas não se preocupe. Nesta seção, vamos detalhar os preparativos essenciais para garantir uma experiência bem-sucedida de turismo de nascimento.
Aqui, abordamos a documentação médica necessária que você deve obter antes de embarcar em um avião:
Antes de embarcar em um avião, consulte seu médico para obter um atestado médico que comprove que você está apta a viajar (especialmente no terceiro trimestre da gravidez). Embora a política de cada companhia aérea possa variar, geralmente esse documento é exigido após 28 semanas de gestação. Por exemplo, pouco antes de voarmos para o Brasil, minha esposa obteve a aprovação médica quando estava com seis meses de gravidez.
Ao chegar ao seu destino, pode ser necessário apresentar seu histórico completo de pré-natal, incluindo ultrassonografias e resultados de exames. Se necessário, certifique-se de que os documentos estejam traduzidos para o idioma local.
O turismo de nascimento permite que você tenha acesso a serviços de alta qualidade por uma fração do preço que pagaria em seu país de origem. No entanto, para minimizar os custos, também recomendo fortemente que você contrate um seguro de viagem abrangente que cubra especificamente gravidez, parto e possíveis complicações, além de cuidados neonatais e assistência ao recém-nascido.
Ao comprar suas passagens aéreas, é essencial planejar com antecedência para garantir que a experiência seja o mais confortável e tranquila possível:
Durante a gravidez, não é possível simplesmente pegar qualquer voo. Tudo deve ser planejado cuidadosamente para garantir seu bem-estar. Escolha os melhores voos para o seu destino, levando em consideração fatores como escalas e a duração total da viagem. Uma escala curta de 4 horas pode não ser suficiente para descansar, então pode ser necessário um tempo maior antes de embarcar no próximo voo.
Você deve garantir o máximo de conforto possível. Se há algo em que vale a pena investir generosamente (além do seguro de saúde e dos melhores hospitais), é no seu assento. Se possível, reserve um assento no corredor com espaço extra para as pernas; assim, você poderá se levantar com facilidade e dar pequenas caminhadas durante o voo para evitar coágulos sanguíneos. Por fim, use meias de compressão para melhorar a circulação e prevenir inchaço.
Pesquise hospitais acreditados, escolha obstetras experientes e compreenda o sistema de saúde local para garantir uma experiência médica tranquila no exterior
Depois de organizar a documentação médica e as passagens aéreas, é hora de pesquisar os hospitais no país de destino. Você provavelmente encontrará várias opções, e escolher apenas uma pode ser difícil. Aqui está uma lista para facilitar sua busca:
Você deve garantir que o hospital escolhido atenda a certos critérios. Por exemplo, um hospital com acreditação internacional pode oferecer mais segurança do que um hospital comum. Além disso, verifique se o hospital possui uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) para lidar com possíveis complicações ou partos prematuros. Antes de chegarmos a Florianópolis, no Brasil, já havíamos feito nossa devida diligência e escolhido o hospital onde meu segundo filho nasceria.
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Você consegue imaginar ser atendida por um profissional desconhecido, sem conhecê-lo previamente? Por isso, é essencial agendar consultas virtuais com vários médicos para garantir que sejam confiáveis e qualificados. Dê preferência a médicos que falem seu idioma e tenham ampla experiência com pacientes internacionais.
Geralmente, os países oferecem um sistema de saúde pública para residentes, além da opção de atendimento privado. No entanto, expats costumam preferir o setor privado por oferecer serviços mais rápidos e melhores instalações.
É importante pesquisar o processo de registro nos serviços de saúde e os custos envolvidos. Verifique se é necessário ter um número de seguridade social ou se é preciso se inscrever pessoalmente ou online.
Chile combina um passaporte forte, cuidados hospitalares excepcionais e processamento rápido de passaporte para recém-nascidos em uma semana, tornando-o uma ótima escolha para o turismo de nascimento
Ao cuidar da documentação médica, das passagens aéreas e do hospital, você aumenta suas chances de aproveitar uma experiência bem-sucedida de turismo de nascimento. Mas, se ainda estiver em dúvida, deixe-me compartilhar nossa jornada de turismo de nascimento em três países diferentes. Antes de sugerir qualquer coisa, quero ter certeza de que experimentei isso pessoalmente. Aqui está uma prévia da nossa história:
Na época, tivemos nosso primeiro filho e estávamos morando nos Emirados Árabes Unidos (EAU). As instalações eram excelentes, assim como a equipe médica, mas os EAU não concedem cidadania por direito de nascimento. Isso nos levou a buscar novas opções de turismo de nascimento para filhos futuros.
Em 2020, já estávamos morando no Panamá, mas queríamos que nosso segundo filho nascesse no Brasil. Minha esposa, sendo chinesa, precisava de um visto, que conseguimos acelerar com ajuda profissional. Viajamos quando ela estava com seis meses de gravidez para garantir tempo suficiente antes da data prevista para o parto.
Escolhemos Florianópolis após pesquisar os melhores hospitais. As instalações e a equipe médica foram excelentes, e como mencionei, o custo total do parto foi de apenas 2.500 dólares. Após o nascimento do nosso filho, permanecemos no Brasil por seis meses para solicitar a residência. Embora as restrições de 2020 tenham atrasado alguns processos, valeu a pena, considerando os benefícios vitalícios que nosso filho terá com a cidadania brasileira.
No início de 2024, viajamos para o Chile para o nascimento do nosso terceiro filho. Escolhemos este país porque oferece o passaporte mais forte da América Latina, com acesso sem visto a mais de 161 países, incluindo Estados Unidos e Canadá.
A experiência no hospital foi excelente. Os médicos e enfermeiros foram muito atenciosos, o quarto privativo era espaçoso e tinha vistas deslumbrantes, e até a comida era deliciosa (sabemos da piada de que comida de hospital geralmente é ruim). Por fim, obter o passaporte do nosso filho foi surpreendentemente rápido e muito mais simples do que no Brasil—levou apenas uma semana.
Para ajudar ainda mais na sua experiência de turismo de nascimento, nesta seção compartilharei algumas dicas práticas que nos ajudaram sempre que viajamos para dar à luz no exterior:
Escolher o momento certo para viajar é, talvez, um dos passos mais importantes para garantir que você possa voar sem complicações. Nesse sentido, viajar no segundo trimestre é a melhor e mais confortável opção. Além disso, evite viajar muito perto da data prevista para o parto. As companhias aéreas geralmente restringem viagens após 36 semanas de gestação, e os voos podem ser desconfortáveis no final da gravidez.
Planeje ficar pelo menos de 2 a 3 meses, chegando bem antes da data prevista para o parto e garantindo tempo suficiente após o nascimento para concluir toda a documentação necessária, incluindo a certidão de nascimento, passaporte do bebê e seu eventual pedido de residência.
A última coisa que você quer é ficar longe do hospital. Reserve um tempo para encontrar uma acomodação que tenha estrutura adequada para um recém-nascido e que ofereça fácil acesso ao hospital escolhido. Por exemplo, depois que minha esposa deu à luz, estávamos de volta ao nosso Airbnb em Florianópolis em apenas três dias, o que nos permitiu uma recuperação confortável.
Além de médicos e enfermeiros, há outra figura que pode tornar sua experiência muito mais tranquila: a doula. Essa profissional não substitui nenhum outro especialista da saúde, mas é treinada para atender às suas necessidades emocionais e físicas antes, durante e após a gravidez. Além disso, ela pode ajudá-la a compreender melhor termos médicos complexos e aliviar a pressão emocional que sua família, amigos e parceiro podem sentir durante esse período.
Planeje seu turismo de nascimento: registre o nascimento do bebê, solicite o passaporte, explore opções de residência e organize seu orçamento para parto, hospedagem e despesas com saúde
Para finalmente obter o passaporte do seu filho, você precisará permanecer no país por 2 a 3 meses. No entanto, é possível acelerar o processo de obtenção dos documentos necessários.
Leve sua devida diligência a sério e compreenda os passos para registrar o nascimento do seu filho antecipadamente. Logo após o parto, inicie o processo de registro junto às autoridades locais. Por exemplo, no Chile, isso deve ser feito no Registro Civil ou online. Após registrar o nascimento, solicite o passaporte do seu filho o mais rápido possível, garantindo que você tenha toda a documentação necessária.
Alguns países aceleram o acesso à residência se seu filho nasceu lá. Você pode se interessar em buscar uma segunda residência para si. No meu caso, o Chile não foi uma boa opção, pois exige uma estadia prolongada no país (é necessário permanecer 22 meses em um período de 24 meses para obter a residência permanente). Em contraste, com o visto de investidor qualificado do Panamá, você pode manter sua residência permanente ativa apenas visitando o país uma vez a cada dois anos.
A maioria das companhias aéreas exige que o recém-nascido tenha pelo menos 14 dias de vida antes de permitir o embarque no voo de volta para casa. Além disso, para passar sem problemas pela imigração, tanto no país onde ocorreu o nascimento quanto no seu país de residência, seu filho deve ter seu próprio passaporte. O tempo necessário para obtê-lo depende principalmente do processo de registro e solicitação de cada país.
O turismo de nascimento, embora seja mais barato e traga mais benefícios para você e seu filho, envolve uma série de despesas que precisam ser consideradas:
Os custos do parto variam bastante dependendo do país e do hospital escolhido, além de outros fatores como a época do ano e a experiência da equipe médica. Recomendo estimar um gasto entre 1.500 e 5.000 dólares. No Chile, o parto custa cerca de 3.500 dólares, enquanto no Brasil pagamos 2.500 dólares.
Durante sua estadia, você terá outros gastos, como hospedagem, alimentação, transporte e taxas legais para a documentação. Para minimizar os custos, tente reservar a acomodação e as passagens aéreas com antecedência e pesquise o custo de vida geral do local onde pretende realizar o turismo de nascimento.
A maioria dos destinos de turismo de nascimento oferece sistemas de saúde públicos e privados, mas geralmente é recomendável optar pelo setor privado. Mesmo que seja necessário pagar, o serviço costuma ser mais rápido e de melhor qualidade. Verifique com sua seguradora se os custos do parto e outras despesas relacionadas, como cuidados pós-parto, estão cobertos.
O turismo de nascimento é desafiador, mas recompensador, proporcionando oportunidades que podem transformar o futuro do seu filho. Planeje com antecedência e consulte especialistas para garantir um processo tranquilo
Viajar grávida não é uma tarefa fácil. Você precisa lidar com documentos médicos, burocracia e, claro, dar à luz. No entanto, os benefícios de garantir uma segunda cidadania para seu filho podem transformar vidas, não apenas para ele, mas também para toda a sua família.
Nós vivemos a experiência do turismo de nascimento em três países (Emirados Árabes Unidos, Brasil e Chile), e cada uma delas foi única e recompensadora. Se você é uma futura mãe que deseja realizar turismo de nascimento, recomendo que comece a planejar com antecedência. Consulte especialistas para entender todos os requisitos médicos, legais e de viagem. Com a preparação certa, você abrirá novas oportunidades para seus filhos e garantirá um futuro mais seguro para eles.